Não conhecer a própria situação financeira faz com que você tome decisões inadequadas. Ainda é pequeno o número de brasileiros que acompanham de perto suas finanças, e, aos que fazem um orçamento e um fluxo de caixa, muitas vezes é difícil ver a evolução já que nossos gastos e a renda mudam ao longo do tempo.
Quem deseja acompanhar e controlar suas finanças pode utilizar a contabilidade pessoal para simplificar e organizar, e os indicadores financeiros para facilitar a interpretação dos números e visualização de sua evolução.
A história da contabilidade é tão antiga quanto a própria história da civilização e sua importância nasce junto a necessidade de tomar decisões melhores diante das informações disponíveis.
O texto hoje vem simplificar esse acompanhamento para que sua vida financeira seja saudável independente das mudanças!
Para conseguir chegar em suas “medidas financeiras” e controlá-las o primeiro passo é conhecer seu fluxo de caixa.
Não se controla o que não se conhece; ou melhor, como disse William Edwards Deming estatístico e amplamente reconhecido pela melhoria dos processos produtivos nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial:
“Não se gerencia o que não se mede,
não se mede o que não se define,
não se define o que não se entende,
e não há sucesso no que não se gerencia”
Comece analisando suas entradas e principais despesas; despesas essas mais fáceis de serem conhecidas. Pequenas despesas do dia a dia são o que podem mudar uma situação de poupador para a de um devedor, não as ignore.
“Cuidado com os pequenos gastos, um pequeno vazamento afunda um GRANDE navio”
Vale lembrar que para rendas variáveis o cálculo pode ser distorcido já que existe meses melhores que outros. Busque, se for seu caso, encontrar a média de suas entradas.
A partir dessa discriminação de entradas e despesas, será possível calcular seu índice de poupança:
Este índice varia de caso a caso. Cada um está em uma fase diferente da sua construção de vida, alguns ainda moram com os pais e encontram índices maiores do que de uma família que tem gastos fixos maiores. O ideal é buscar a regra que mais se adequa com a sua realidade e objetivos financeiros.
A mais comum é a 50/30/20, ou seja: 50% para despesas fixas, 30% para despesas variáveis e 20% investidos. Mas é possível achar variações como 50/40/10 ou 50/35/15.
Perceba: em todos os casos as despesas fixas não passam dos 50%. Gastos como alimentação e transporte são despesas variáveis, porém essenciais no dia a dia. Essas despesas somadas as despesas fixas irão resultar em seu padrão de vida essencial.
Plano de saúde e seguros são considerados despesas fixas e podem ser categorizados como “Despesa com Proteções”. Elas variam muito de pessoa para pessoa o que dificulta determinar uma porcentagem ideal para a categoria. Essas variáveis devem ser analisadas para chegar-se a índices saudáveis diante da realidade de cada.
Após feito seu orçamento busque entender seu balanço patrimonial: seu patrimônio e suas dívidas.
Para organizá-los os separe da seguinte forma:
O ativo circulante se refere aos valores disponíveis e que serão recebidos dentro de 1 ano assim como o passivo circulante se refere as despesas dentro desse mesmo período.
Discriminando seus passivos e ativos é possível descobrir sua riqueza líquida, valor que resulta dos “Ativos’ menos o “Exigível de Curto e Longo prazo”.
Com o balanço patrimonial é possível agora calcular seus indicadores financeiros
Índice de liquidez = Ativos de Curto Prazo / Passivo de Curto Prazo
Aconselhável ser acima de 1 mostrando que consegue lidar com as dívidas que estão dentro de 1 ano.
Índice de cobertura = Ativos de Curto Prazo / Despesas Mensais
Demonstra quantos meses, apenas com seus ativos líquidos, você consegue manter seu padrão de vida. Em uma situação que você se encontre sem nenhuma renda, gastos com cinema, bares e restaurantes podem ser cortados facilmente. Essa soma de despesas pode ser trocada pelo padrão de vida essencial, demostrando o quanto é possível estender o prazo em um cenário mais pessimista.
O ideal deve se encontrar entre 3 meses até 12 meses
Índice de endividamento = Dívida total (passivo total) / Ativo Total
Demonstra quanto do seu patrimônio está constituído com recursos de terceiros (dívidas).
Índice de riqueza = Renda passiva / Despesas mensais
Demonstra quanto a renda passiva contribui para pagamento das despesas mensais.
Quando maior que 1, sua independência financeira foi atingida!!!
Acompanhar esses índices financeiros trazem clareza. Você pode utilizá-los colocando cenários para curto, médio e longo prazo e as potenciais mudanças financeiras que passará, e assim analisar como seus indicadores se comportam.
Quanto poderá poupar ao decorrer do tempo, aumento de renda, financiamentos, resgates de investimentos, venda de um imóvel entre outros são uns dos exemplos que deverá pensar e analisar como os indicadores ficam.
Não se esqueça: planos devem ser flexíveis, cenários totalmente diferentes podem ocorrer. Quem imaginaria a pandemia que vivemos hoje?
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Texto de 4 de fevereiro de 2022