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A semana começa em clima de transição: o mundo entra no último mês do ano com mercados mais equilibrados, depois de um novembro de forte alívio nos juros globais e recuperação das bolsas. A tônica é a mesma que vem sustentando o apetite por risco: inflação mais comportada, expectativa de novos cortes pelo Federal Reserve e um mercado de trabalho que, embora resiliente, já dá sinais de acomodação.
No caso do Brasil, seguimos passando por uma fase de reorganização, tanto do ponto de vista fiscal quanto das expectativas. A sanção presidencial da nova tabela do Imposto de Renda deu início a um processo de digestão que influencia renda disponível, consumo, planejamento patrimonial e, sobretudo, a credibilidade fiscal para 2026.
A seguir, os pontos-chave que definem a semana 49 do ano:
Os mercados americanos entram no mês embalados pelo tom benigno das últimas semanas: queda das taxas de longo prazo, avanço das bolsas e aposta quase unânime de que o Fed fará um novo corte de juros em dezembro. Segundo relatórios recentes, o S&P 500 realizou parte dos ganhos na virada do mês, especialmente no setor de tecnologia, mas permanece sustentado pelo cenário de “pouso suave” da economia norte-americana.
Essa aparente calmaria convive com um alerta importante: os valuations estão esticados, e qualquer surpresa negativa nos próximos indicadores, como o PMI, a confiança do consumidor e os dados de pedidos à indústria — pode gerar ajustes rápidos. O mercado acredita no Fed, mas o Fed continua lembrando que cortes de juros dependerão da consistência dos dados.
A China iniciou dezembro com um dado simbólico: o PMI de manufatura voltou à zona de contração, próximo de 49 pontos, refletindo a perda de força da demanda interna e externa. Ao mesmo tempo, o banco central chinês manteve pela sexta vez a taxa LPR inalterada, sinalizando um banco central paciente.
O resultado é um ambiente em que a atividade cresce, porém sem tração. Para países exportadores como o Brasil, isso significa que o apoio às commodities existe, mas não com aquele impulso típico dos ciclos chineses anteriores. Já no Japão, sinais de que o Banco Central pode elevar juros ainda este ano mexem no câmbio global e ajudam a reprecificar as curvas de juros asiáticas.
Os PMIs europeus da última leitura mostram uma região que ainda flerta com a estagnação, mas com inflação desacelerando e custos de produção em queda. O Reino Unido, por exemplo, voltou a registrar expansão marginal no setor industrial. Já o Banco Central Europeu permanece firme na mensagem: não fala ainda em corte de juros, embora reconheça que o próximo movimento provavelmente será exatamente esse, porém apenas quando houver segurança suficiente de convergência da inflação.
Essa combinação — crescimento baixo e inflação mais fraca — reforça o ambiente benigno para juros globais, e por tabela para os ativos emergentes.
As tensões internacionais continuam em segundo plano no mercado financeiro. Em Gaza, negociações de cessar-fogo seguem instáveis, com episódios de escalada que imediatamente geram oscilação nos preços de energia. Na Ucrânia, discussões informais sobre possíveis formatos de acordo seguem surgindo, contudo sem consenso político ou militar.
Para o investidor, o quadro é simples: não há deterioração clara no curto prazo, mas o risco permanece latente — e ele importa para petróleo, gás, metais e fluxos para emergentes.
O IPCA-15 de novembro reforçou a leitura de que a inflação está voltando ao eixo. Núcleos, difusão e bens industriais vieram mais comportados, e o acumulado em 12 meses recuou para a faixa de 4,5%. Ao mesmo tempo, o mercado de trabalho continua muito forte: desemprego em 5,4% e massa salarial real em níveis recordes. É uma combinação saudável, mas que mantém a autoridade monetária vigilante, pois um emprego muito aquecido pode atrasar o processo de convergência plena da inflação para sua meta.
O Copom manteve o discurso conservador. Apesar do alívio inflacionário, a comunicação recente reforça que cortes de juros não estão no radar imediato. O BC segue citando:
O mercado, porém, voltou a embutir chance relevante de corte no primeiro semestre de 2026.
A sanção presidencial da nova lei do IR redesenhou a tributação para 2026:
É um movimento que alivia a classe média, mas aumenta a carga para altos rendimentos e investidores. Para o governo, permanece a pergunta-chave: como compensar a renúncia fiscal estimada? Enquanto essa resposta não vier, a curva longa seguirá sensível.
Globalmente falando vemos inflação em queda, juros globais recuando e trégua parcial nos riscos geopolíticos. Aqui em casa vivemos um momento raro de inflação sob controle e renda elevada. Entretanto é importante manter-se atento a disciplina fiscal para sustentar esse ciclo.
Nossa leitura permanece consistente:
É momento de manter a diversificação, aproveitar oportunidades com seletividade e preservar a qualidade dos ativos.
O cenário é favorável que exige atenção. É justamente por isso que estamos aqui: para traduzir o ruído diário em decisões claras e racionais para o seu patrimônio.