China e seus desafios para 2024

Marcus V. Schönhorst W. Müller
Marcus V. Schönhorst W. Müller
January 2024
4 min

A economia chinesa enfrentou vários desafios em 2023, incluindo uma crise imobiliária, demanda fraca, desemprego e dívidas locais. Apesar desses problemas, a maioria dos economistas acredita que a China atingirá sua meta oficial de crescimento de cerca de 5% em 2023 (A ser divulgado ainda em 2024). No entanto, isso ainda está abaixo da média de crescimento anual de mais de 6%na década anterior à pandemia de Covid, e 2024 parece cada vez mais desafiador.

Economistas alertam que, sem grandes reformas de mercado, o país poderá ficar preso naquilo que os eles chamam de “Armadilha do Rendimento Médio”, referindo-se à noção de que as economias emergentes que crescem rapidamente para sair da pobreza, mas que ficam presas antes de atingirem o status de economias de rendimento elevado.

O conceito econômico desta armadilha descreve uma situação em que um país atinge um nível intermediário de renda e encontra dificuldades para avançar além disso. Este termo foi introduzido pelo Banco Mundial em 2006.

De acordo com essa teoria, um país pode cair na armadilha do rendimento médio quando perde sua vantagem competitiva na exportação de bens manufaturados devido ao aumento dos salários. No entanto, ele não consegue acompanhar as economias mais desenvolvidas no mercado de alto valor agregado.

Como resultado, essas economias recém industrializadas - como é também o caso da África do Sul e o Brasil - não conseguem superar o que o Banco define como “faixa de renda média”, pois seu produto interno bruto per capita permanece entre 1.000 e 12.000 dólares. Esses países sofrem com baixo investimento, crescimento lento na indústria secundária, diversificação industrial limitada e condições precárias de mercado de trabalho.

Para evitar a armadilha da renda média, é necessário identificar estratégias para introduzir novos processos e encontrar novos mercados para manter o crescimento das exportações. Aumentar a demanda doméstica também é importante - uma classe média em expansão pode usar seu poder de compra crescente para comprar produtos inovadores de alta qualidade e ajudar a impulsionar o crescimento. O maior desafio é passar do crescimento impulsionado por recursos, que depende da mão de obra barata e do capital, para crescer com base em alta produtividade e inovação. Isso requer investimentos em infraestrutura e educação.

O Fundo Monetário Internacional(FMI) também ficou mais pessimista quanto às perspectivas a longo prazo da China. Em novembro, disse esperar que a taxa de crescimento do país atingisse5,4% em 2023 e diminuísse gradualmente para 3,5% em 2028, num contexto de ventos contrários que vão desde a fraca produtividade ao envelhecimento da população – fator que é pouquíssimo falado, mas extremamente importante.

Para 2024, as projeções preveem que o Produto Interno Bruto (PIB) chinês terá expansão menor, de 4,6%, em meio à continua fraqueza no setor imobiliário e demanda externa contida. A projeção, no entanto, é melhor do que a alta de4,2% que o Fundo previu em seu relatório de Perspectiva Econômica Mundial, publicado em outubro.

Na política, entretanto a situação é estável, com o Partido Comunista Chinês (PCC) firmemente no poder sem grandes pressões contrárias. O atual líder chinês, Xi Jinping, detém um título triplo como secretário-geral do PCC, presidente da Comissão Militar Central e presidente do Estado. Ademais a China vem consolidando planos para expansão do seu mercado (a fim de tentar evitar a Armadilha do Rendimento Médio), com a chamada nova rota da seda e sua dominância no mar da China.

Em 2024 a economia chinesa provavelmente passará por uma transição estrutural. A China está mais preocupada em focar na qualidade do crescimento econômico. A meta não seria crescer a qualquer custo, mas sim garantir a estabilidade econômica do país. O plano “China 2025” visa transformar a base de manufatura da China de um fabricante de baixo custo para um produtor de alta tecnologia de ponta.

São inúmeros os desafios chineses, incluindo a falta de demanda efetiva, o excesso de capacidade em alguns setores, transformação no setor imobiliário, excesso de dívida em alguns governos locais, gargalos na circulação doméstica, bem como o aumento da complexidade, gravidade e incerteza do ambiente externo. Apesar disso o governo chinês parece ter essa consciência e tem buscado solucionar seus desafios buscando crescimento mais sustentável e aumento de renda da sua população.

[1]cnnbrasil.com.br

[2]economia.uol.com.br

[3]moneytimes.com.br

[4]metropoles.com

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Marcus V. Schönhorst W. Müller
CEO, Ascenda Investimentos